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Profissões com Futuro

segunda-feira, 27 de junho de 2011

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Nova economia, novos caminhos Ter um "canudo" há muito que não é suficiente para se conseguir arranjar um bom emprego. E, ao contrário do que acontecia há quatro ou cinco anos atrás, a experiência já não é determinante na procura de colocação. "Hoje, é o binómio qualificação/experiência que é valorizado", diz Sofia Macedo, socióloga.
Sofia Claro, de 31 anos, moradora em Sintra, tirou uma licenciatura em Direito, mas decidiu completar a sua formação com uma pós-graduação em Gestão e Fiscalidade. "Durante o curso, já sentia vocação para exercer a minha futura actividade na área da fiscalidade, em vez de optar por ser advogada, mas também tinha a noção de que as minhas perspectivas de emprego e carreira num mercado de trabalho já saturado seriam mais promissoras se aprofundasse os meus conhecimentos nesta área", afirma. Ainda durante a pós-graduação, Sofia Claro foi convidada por uma multinacional para integrar os quadros como consultora fiscal. Hoje, cinco anos depois, tem a sua própria empresa na área de informação jurídica e fiscal. Cada vez mais jovens passam pela experiência de Sofia Claro. O que aprenderam não é suficiente para lhes garantir um emprego duradouro. Na verdade, adaptabilidade é a palavra de ordem hoje em dia. "As novas tecnologias e a globalização da economia obrigam a mudanças de fundo, e quem não se adapta a elas arrisca-se a não ter perspectivas de futuro na carreira que escolheu", diz Alexandre Coutinho, jornalista de economia no jornal Expresso. Actualmente, as áreas com mais procura são as de engenharia electrónica e mecânica, gestão e economia. Profissões como engenheiro civil representam cerca de 5% do mercado das ofertas de trabalho, programadores, 6%, técnicos de informática, 8%, e gestores, cerca de 6%. Os licenciados em Direito ou Sociologia, por exemplo, são dos que têm mais dificuldade de colocação. Na área de ciências, um dos campos mais promissores é o das biotecnologias, as chamadas ciências da vida - que tratam da genómica humana, da genética das plantas e de outros seres vivos. Seja como for, a educação continua a ser a chave do sucesso. Segundo estimativas do INE, apesar de, em 1999, 16 900 dos 221 600 desempregados no nosso país terem formação superior (cerca de 7,6% do desemprego total), em geral as suas perspectivas de emprego a longo prazo são melhores que as dos outros que apenas têm o ensino secundário ou um nível de ensino inferior como habilitações. Mas não basta ter-se um canudo para se conseguir arranjar emprego. E, ao contrário do que acontecia há quatro ou cinco anos atrás, a experiência já não é determinante na procura de colocação. "Hoje, é o binómio qualificação/experiência que é valorizado", diz Sofia Macedo, socióloga do trabalho e especialista em formação. "Além de um curso superior, os empregadores exigem conhecimentos de informática na óptica do utilizador, pelo menos uma segunda língua, capacidade de iniciativa e liderança, criatividade, bom senso, bem como qualidades de bom relacionamento e gosto pelo trabalho em equipa." E acrescenta: "Cada vez mais se procuram profissionais que não trabalhem com base num horário, mas se proponham atingir objectivos e se integrem na imagem da empresa." Também o conceito de emprego fixo tenderá a desaparecer na economia de amanhã. "A mudança de actividade ao longo da vida vai ser uma das características dos próximos tempos", opina Amândio da Fonseca, director da Egor Portugal, filial da Egor - Recursos Humanos. "Isso irá obrigar os jovens a alargarem cada vez mais o seu leque de competências." Qual será a evolução do mercado de trabalho? Que sectores da nossa economia irão florescer e quais entrarão em declínio? As Selecções do Reader's Digest foram saber quais são as tendências e que empregos têm futuro. Os Serviços O sector primário, onde se integram as actividades ligadas à agricultura, pecuária, silvicultura, caça e pesca, está praticamente em decadência em termos de carreira no nosso país. Segundo dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), soma 1,6% do total de ofertas de emprego em Março de 2000, e, em 1999, empregava menos pessoas que no ano anterior: 613 300 trabalhadores, contra 639 500 em 1998. No entanto, continua responsável por 12,26% do emprego no país. O sector secundário, da indústria, continua a evidenciar uma certa dinâmica. Em 1998 e 1999, empregou cerca de 1 694 000 pessoas, e a oferta de empregos em Março deste último ano rondava os 45%. Mas no ano passado onde se recrutou mais pessoal foi na área da construção e obras públicas. Em 1999, foi responsável pe-la criação de 63,4% dos postos de trabalho - e solicita cada vez mais profissionais, sobretudo os que têm qualificações superiores, como engenheiros civis. Uma procura que expressa o surto das grandes obras, iniciado com a Expo 98 e o boom da habitação devido à baixa das taxas de juro, e que se prevê continue pelo menos até à conclusão das obras para o Euro 2004. No entanto, é no sector terciário, dos serviços, que a oferta de trabalho não tem parado de crescer, constituindo, em Março de 2000, 53% do total de ofertas. Empregava no último trimestre do ano passado 52,3% da população activa. Há muitas profissões na área dos serviços que continuarão a ser necessárias, apesar de não exigirem qualificações superiores. É o caso dos carteiros, estafetas para entrega de encomendas, jardineiros, cabeleireiros e empregados de balcão, seja em restaurantes, cafés ou lojas. "São serviços que as novas tecnologias não conseguem substituir", explica Sofia Macedo. Mas também no sector dos serviços a versatilidade e complementaridade de conhecimentos são características que interessam aos empregadores e podem determinar um avanço na carreira. Felicidade Mendes, de 40 anos, do Barreiro, trabalha desde os 18, sendo a sua única fonte de rendimento. Tirou um curso de Contabilidade como estudante trabalhadora, mas decidiu ir mais longe. "As possibilidades de progresso na carreira nesta área não eram muitas, pelo que optei por tirar uma licenciatura em Engenharia Civil, que me permitiu aceder à carreira de técnica superior na administração pública", conta. "Foi um grande sacrifício, porque tinha de trabalhar e assistir às aulas. Tive que desistir do meu emprego e arranjar um trabalho fora de horas, por turnos, como entrevistadora numa empresa que realizava inquéritos e sondagens telefónicas, porque o curso não contemplava horário pós-laboral. Mas valeu a pena. Hoje, trabalho na Câmara Municipal do Seixal, no Departamento de Obras, a gerir e fiscalizar construções, nomeadamente de esgotos e imóveis, com perspectivas de promoção bastante melhores, salário mais alto e maior segurança no emprego."
Tecnologias de informação e comunicação
Os licenciados em Informática e Telecomunicações são hoje os profissionais mais procurados por empresas do ramo. Segundo um estudo da International Data Corporation, em 2002 Portugal vai necessitar de 2000 especialistas em tecnologias da comunicação. Em termos de oferta de trabalho, só nos dois primeiros meses de 2001 as telecomunicações foram responsáveis por 10,7% das ofertas, e a informática, por 11,8%. "É uma área em expansão devido ao desenvolvimento de novas tecnologias, como a Internet interactiva e os telefones móveis de última geração, mas onde os profissionais escasseiam, nomeadamente a nível dos engenheiros, no sector da informática e do desenvolvimento de software", explica Alexandre Coutinho. José Pinto, responsável pelos sistemas de informação da Siemens, diz que tem grande dificuldade em arranjar profissionais qualificados. "Ao nível superior, só conseguimos profissionais por convite ou fazendo propostas a estudantes universitários em vias de acabarem o curso", afirma. De facto, este é um sector onde não há desemprego. Luís Pontes, de 35 anos, é testemunha disso. Formou-se em Matemáticas Aplicadas, tendo escolhido no último ano do curso uma área orientada para a informática. "Quando saí da universidade, fui logo contratado pela Direcção de Organização e Informação da antiga Rodoviária Nacional", refere este engenheiro de sistemas, do Montijo. "Ao fim de um ano, aceitei um convite da IBM para o Departamento de Microinformática, área em que me especializei. Era um sector ainda praticamente de primeira linha que dava os primeiros passos na empresa." Os centros de atendimento telefónico são outra área das comunicações que um estudo da consultora A. T. Kearney garante criar, até 2010, entre 40 000 e 60 000 postos de trabalho no nosso país. Neste momento, Portugal já é um dos países mais procurados para a instalação de call-centers europeus devido aos menores custos operacionais, à mão-de-obra barata e ao poliglotismo dos naturais. Jovens com o 12.o ano de escolaridade e licenciados em todas as áreas são o perfil dos candidatos procurados pelos empregadores. As especializações que mais procura vão ter por parte das empresas no sector das telecomunicações e informática serão as de engenharia de radiofrequências, das comunicações, do design industrial e de sistemas de informação, processamento de sinal em telecomunicações, design de multimédia, controle de qualidade de sistemas e consultadoria em tecnologias de informação. Multimédia Todas as profissões relacionadas com televisão, rádio, vídeo, Internet, computadores e sistemas multimédia estão também em desenvolvimento. "Quando as máquinas - computadores e televisões - começarem a falar entre si, ou seja, quando estiverem todas ligadas em rede e a comunicação for interactiva, teremos um mercado com muito mais potencialidades", declara Alexandre Coutinho. "Já começa a haver procura de conteúdos para essa área, o que implicará mais empregos." Segundo o Bareme Internet, um estudo periódico realizado pela Marktest, o número de utilizadores da Internet atingiu, no último trimestre de 2000, 20,3% da população - mais de um milhão e meio de pessoas. Multiplicam-se as empresas que fornecem serviços relacionados com este meio, e procuram pessoas para preencher os cargos de webmaster, cyber-redactor, manager em marketing interactivo, conselheiros em e-estratégia, entre outros. "Não há dúvida de que a Internet tem o futuro assegurado e será um dia tão importante como a electricidade", acrescenta Alexandre Coutinho. E os computadores não são utilizados apenas para fins profissionais. Cerca de 56% dos portugueses usam-nos como forma de entretenimento, nomeadamente para os jogos. Assim, toda a indústria do entretenimento foi alargada a um novo suporte, aumentando as possibilidades de carreira para este tipo de profissionais. "É uma área onde se recruta muito pessoal hoje em dia devido à expansão recente do sector", diz a socióloga Sofia Macedo. "Por outro lado, os cursos de multimédia no ensino superior ainda estão em fase de criação, especialmente a nível oficial. Assim, há poucos profissionais com uma formação avançada, e os que há são bastante disputados." Luísa Jorge, de 25 anos, moradora em Camarate, escolheu ser designer de comunicação, mas ainda na Escola Superior de Artes e Tecnologias de Lisboa começou a interessar-se pela Internet. "Fiz outros cursos, como multimédia, flash, dreamweaver e fireworks, o que me habilitou a ser webdesigner - desenhadora de páginas Internet - e me permitiu encontrar rapidamente emprego, pois a procura era grande", conta. Após um estágio remunerado de três meses noutra empresa, Luísa entrou no canal Sapo, onde trabalha há mais de um ano. "Ainda estou a aprender", diz.
Assistência
Portugal está a envelhecer. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, mais de 25% da nossa população são constituídos por pessoas com mais de 55 anos, enquanto apenas 17% têm menos de 15 anos. Como consequência, as profissões relacionadas com cuidados de saúde - como optometria, audiologia, reumatologia - e acompanhamento de idosos vão estar em alta pelo menos nos próximos dez anos. "Uma pessoa que pretenda ter um familiar num lar tem que procurar bastante para conseguir uma vaga, ou então paga uma mensalidade altíssima", diz Sofia Macedo. "Sendo um sector com bastante procura, são precisos cada vez mais profissionais com formação específica em geriatria." Há mais de 20 anos, Teresa Ramilo, de 52 anos, de Lisboa, doutorou-se em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto, e desde cedo se interessou pela aplicação do que aprendeu à terceira idade. Assim, quando a filha entrou para a universidade, Teresa decidiu investir no doutoramento em Gerontologia, que terminou em 1997.
Saúde Com excepção dos médicos dentistas e dos farmacêuticos, os profissionais da área da medicina estão a ser bastante requisitados por empregadores, constituindo 4,4% das ofertas de trabalho no ano 2000. E, segundo um estudo da Direcção-Geral de Recursos Humanos do Ministério da Saúde, até 2017 vão aposentar-se 85% dos clínicos gerais - que irão precisar de ser substituídos. Neste momento, já se contratam médicos e enfermeiros de outros países da União Europeia, como a Espanha. "Há poucos cursos, e o Estado só raramente abre concursos - e para poucas vagas - nas instituições públicas, o que justifica a falta de profissionais nesta área", diz Patrícia Nave, técnica de análises clínicas. "O mesmo acontece relativamente a outro tipo de profissionais de saúde em áreas de especialização como a minha. Mesmo antes de terminar o meu curso, já era solicitada por vários laboratórios."
Finanças e gestão financeira
"A proliferação de instituições bancárias e a criação da Bolsa de Valores ajudaram à expansão deste sector no mercado de trabalho", diz Cristina Rodrigues, ex-bancária formada em Gestão Financeira, actualmente a trabalhar nos Serviços Financeiros dos CTT. "A agilização e globalização dos mercados financeiros também contribuíram para tornar o dinheiro muito mais fluido e criaram a necessidade de novos empregos nesta área." Na verdade, devido à diversificação dos mercados financeiros e à descida das taxas de juro, tornou-se muito mais lucrativo para o cidadão investir o dinheiro que tem a mais ao invés de apostar na poupança. Isto significa que há cada vez mais pessoas a precisarem de informações para gerir as suas finanças e de conselheiros em serviços financeiros para ajudá-las a fazer boas escolhas, criando muitos empregos nesta área. "Hoje, caminha-se para a existência de técnicos especializados nos vários campos: investimentos em acções ao portador, participações em projectos de financiamento, análise de mercados e até mesmo em investimentos on line", diz Cristina Rodrigues. Alexandra Henriques, de 26 anos, de Caxias, licenciou-se em Economia. Em Dezembro de 1998, entrou no Montepio Geral como administrativa num dos balcões deste banco. Passou o primeiro mês a fazer um curso intensivo de formação sobre actividades bancárias e sobre os produtos específicos do banco. "As minhas qualificações permitiram-me o acesso a um tipo de trabalho mais específico, na secção mutualista, a dar apoio na venda. Além de ser mais aliciante, tem melhores perspectivas de carreira", diz. Aqueles que só contam com a profissão que aprenderam depressa deixarão de ter interesse para os empregadores. De que lhes servem os conhecimentos se ninguém precisar deles? "Hoje em dia, é cada vez mais necessária uma actualização constante de conhecimentos para uma pessoa se manter a par das exigências do mercado e assegurar a sua sobrevivência futura", diz Sofia Macedo

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